Viviane Sachs, MD
Hoje, vamos abordar um assunto polêmico! A resposta para a pergunta "É possível trabalhar e fazer residência médica?" pode variar. Depende de quem você pergunta: do residente ou do diretor do programa (PD). Se você perguntar a um residente que quer trabalhar, ele provavelmente dirá que sim.
Eu, como diretora de programa, diria: "É possível, mas não é recomendado." No entanto, essa decisão não é apenas minha. Ou melhor, como PD, essa decisão é minha sim. Isso porque, nos Estados Unidos, você só pode trabalhar durante a residência se o seu PD permitir. E, para obter essa permissão, várias regras precisam ser cumpridas. Por exemplo, a carga horária da residência combinada com o trabalho não pode ultrapassar 80 horas semanais. Além disso, é essencial manter o profissionalismo e estar em boas condições com o programa.
"Moonlighting" é o termo em inglês usado para o famoso "plantão". Esse privilégio só é concedido a partir do segundo ano de residência, pois é necessário ter uma licença completa (full license). No entanto, como international medical graduate, na maioria dos estados americanos, você só consegue a full license no terceiro ano, e em alguns estados, apenas após concluir a residência. O moonlighting pode ser uma oportunidade para aprender a trabalhar de forma independente e, em alguns casos, pode até ajudar muito durante a residência. Mas é preciso ter muito cuidado para que o moonlighting não interfira na sua dedicação à residência, pois isso pode prejudicar seu desempenho.
A decisão de fazer moonlighting é muito pessoal e depende da necessidade de cada um. O ideal é que você se dedique 100% à sua residência para cumprir os requisitos necessários. Eu não proíbo meus residentes de fazerem moonlighting, mas se começarem a ter um desempenho inferior ou ficarem muito cansados, esse privilégio pode ser retirado.
É importante pensar bem se vale a pena acrescentar horas de trabalho a uma rotina que já é tão intensa. O salário de residente não é muito alto, e pode ser que você precise complementar sua renda, mas isso não deve impactar negativamente sua residência. Diferentemente do Brasil, nos EUA é possível sim viver com o salário de residente. O mais importante é focar na sua residência, aproveitar ao máximo o seu programa, e, depois que acabar a residência, aí sim será o momento de colher os frutos com o salário que você merece. A residência passa muito rápido, então aproveite ao máximo que puder.